Escrevo para escapar de minha natureza aérea. O exercício de organizar as palavras para além de mim é, acima de tudo, seguir um conselho. Uma vez, ouvi que era necessário deixar riquezas no mundo. Primeiro, eu preciso, portanto, reconhecer que sou capaz de produzir algo de valor. É por isso que, por muito tempo, escrevi notas ou não escrevi nada ou escrevi o que me mandavam escrever. Para seguir o conselho, era preciso ir até o final, até esse lugar que os escritores frequentam. Era preciso conseguir escrever a última linha da última página. Esse pequeno recinto onde nunca entrei, mas sempre passei pela porta. Eu sou uma não concluidora contumaz, muito hábil em contornar o problema do valor. Aquilo que é inacabado não pode ser precisamente avaliado. Esta é minha nova incursão pelo bairro boêmio onde, se tudo der certo, delicadamente encostarei a borda de minha taça na borda das demais taças. Brindaremos com sorrisos em código à autoria. Se neste mundo é preciso deixar algo de valor, a única saída para mim é publicar. Eu não sei fazer muito mais do que escrever e reescrever e editar.
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SONHO PSICANÁLISE
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