Diante do aviso de que o curso ministrado, em 2015, pelo psicanalista Welson Barbato na Casa do Saber sairia da plataforma, me apressei em tomar notas e garantir qualquer possível materialização de uma psicanálise ensinada.
Sei de antemão do fracasso do meu intento, mas prefiro ter pouco a não ter nada. E gosto muito da ideia de fornecer material de consulta aos pares que, por ventura, sejam tocados pelas palavras de Welson. Hoje ou depois.
Fui seguindo o encadeamento proposto pela plataforma, que divide grandes aulas em partes menores. A seguir, você estará diante, portanto, da parte 1. Cabe dizer que são notas particulares, que destacam aquilo que se encontra comigo a essa altura da minha prática clínica, da minha análise, dos meus estudos.
Já fui jornalista por tempo demais para estar cansada de tomar notas obsessivamente, sempre à procura da melhor frase dita pela fonte. Hoje eu anoto pouco, um tanto pela desilusão com a verdade e sua reprodução fidedigna, um tanto por falta de tempo, um tanto por trocar de sintoma.
Nessa primeira parte, Welson vai falar da interpretação do discurso. Mas qual discurso? Ele nos lembra que, no senso comum e até mesmo entre psicanalistas, é frequente a ideia de que uma análise vai trabalhar com a semântica, ou seja, com o significado das palavras, das frases, das confissões, dos sonhos. Só que "interpretar, em Lacan, é tudo menos isso. Interpretar não significa elucidar", diz Welson.
Se tomamos, então, a compreensão lacaniana como ponto de partida, iremos nos concentrar não sobre a LÍNGUA, mas sobre ALÍNGUA -- assim mesmo, junto. Trata-se de "um neologismo fabricado por Lacan, que marca o A como negação e excentricidade. A interpretação incide sobre alíngua, onde a linguagem apresenta o seu limite".
Ora, como interpretar um limite? Como trabalhar com um material que, por sua condição limítrofe, não se apresenta totalmente, nem se esconde totalmente? Se o limite é o encontro entre o dentro e o fora; se ele é e não é ao mesmo tempo, por onde caminha uma/um psicanalista? Veremos no próximo post, ainda sobre a parte 1.
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